R E S U M O DO PROJETO

O título do projeto foi alterado de:

"Consumo e geração de energia: ônus e bônus"

Para:

"Perfil da Sociedade Consumista Atual: uma análise do consumo de energia elétrica na cidade de Arapiraca e circunvizinhas"

Essa mudança se deu em virtude do rumo tomado no decorrer do desenrolar da pesquisa.

MOTIVAÇÃO:

No final do século XIX, a energia elétrica tornou-se um meio indispensável à vida de qualquer indivíduo. As atividades humanas, portanto, passaram a demonstrar uma total dependência dos meios energéticos, como o uso exacerbado do petróleo e seus derivados. Entretanto, o consumismo desenfreado gerou significativas crises na redistribuição energética, uma vez que o padrão de consumo das nações atuais passou a ser conhecido em razão de sua insustentabilidade, seja pela falta de planejamento, como também pela ínfima instrução voltada à sociedade de consumo no que tange a métodos de redução que venham a mitigar a consequente escassez de recursos naturais – a exemplo também do recurso hídrico, que no caso do Brasil é responsável por mais de 74% de toda energia que é gerada através das hidroelétricas. Assim sendo, pensar em razões sustentáveis como intuito de mitigar o consumo desenfreado de energia elétrica, é de fundamental importância. Racionalmente, é preciso que haja uma maior dispersão da geração de energia através de fontes renováveis, como a energia eólica e solar. Assim, reconhecendo a importância de se pensar acerca de um consumo energético sustentável, ao se traçar o perfil da sociedade consumista atual nas cidades pesquisadas, espera-se que os resultados sirvam de exemplo – à medida que os resultados alcançados foram realizados através de análises quantitativas – e venha a impactar – de forma positiva – outras regiões, o qual poderá nortear novos hábitos e inserir um panorama à sociedade, sendo este pautado no consumo racional, pois seu consumo de forma irracional implica em uma maior geração e criação de matrizes energéticas que possam causar sérios danos à biodiversidade e ao meio social.

OBJETIVOS:

·   Traçar um perfil da sociedade consumista atual da cidade de Arapiraca e cidades circunvizinhas no que diz respeito ao consumo de energia elétrica.
·   Pesquisar, fomentar e instigar a produção de energia derivada de recursos renováveis. Apresentando os benefícios gerados pela introdução de um programa autossustentável, em aspectos técnicos e financeiros.
        ·     Apresentar as fontes renováveis e não renováveis de geração de energia atualmente presentes e outras que estão sendo desenvolvidas analisando suas tendências para o futuro, como quais apresentarão maior crescimento a nível mundial e quais serão estagnadas. 
Com isso, o curso Técnico de Eletroeletrônica contribui nessa pesquisa no quesito conhecimentos elétricos (como é gerada a energia elétrica e as várias possibilidades de a mesma ser gerada, a sua utilidade na sociedade e sua importância para o mundo contemporâneo, entre outros) e eletrônicos (que promove o entendimento de placas solares, motores elétricos, eólicos, hidroelétricos). E, fazendo uma ponte com a preocupação de um consumo sustentável, contribui para que possamos sugerir aparelhos eletrônicos que gastam menos energia (conforme sua potência) e tenha boa eficiência.

APLICAÇÃO NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO:

Entender o que leva ao consumo desenfreado de energia elétrica é de fundamental importância, pois guiará as pessoas a práticas de redução. Assim, entende-se que traçar um perfil da sociedade consumista – elencando nos indivíduos a identificação com os resultados – é fazer com que eles, por meio de resultados concretos, atinjam um estágio coletivo de maneira que tenham por objetivo à solução das questões de insustentabilidade ambiental.
Portanto, ao se nortear pelo "perfil" traçado no decorrer da pesquisa, a indústria do petróleo - tendo seus funcionários como praticantes do que está posto no manual - se beneficiará, à medida que os resultados são a curto prazo.


PRINCIPAIS ATIVIDADES REALIZADAS E RESULTADOS OBTIDOS

Como principais atividades, tivemos:
No período considerado, houve a criação de revisões de literaturas a partir de referenciais selecionados minuciosamente para manter um padrão da pesquisa; Com o desejo de expandir o conhecimento adquirido durante a pesquisa, houve por parte da equipe, a criação de um blog (disponível em: http://e-nergizando.blogspot.com.br/) onde ocorreram postagens de temas ligados à energia e sustentabilidade; Pesquisas de campo nos levaram ao colhimento de necessários resultados para a conclusão do nosso projeto. Junto a isso, parcerias feitas com a Eletrobrás, nos ajudou a filtrar os bairros que mais consomem energia elétrica, consequentemente, facilitando o nosso campo de pesquisa; A partir dos dados obtidos e posteriormente apurados, criamos um manual acerca do consumo sustentável da energia elétrica e também temas relacionados às energias renováveis. 


Nos resultados obtidos, percebemos que cerca de 45,6% da população entrevistada se encontra totalmente insatisfeita com a conta mensal de energia elétrica e outras 39,2% estão parcialmente satisfeitas, isso se deve ao elevado aumento da tarifa de energia provocada pela crise energética que o país vem passando atualmente. Além disso, 72% desconhecem o conceito de SUSTENTABILIDADE e em poucas residências, 24% das entrevistadas, praticam alguma forma de economia.
Diante disso, nosso manual visa apresentar formas de como se obter um consumo energético sustentável e apresentá-lo à população a fim de amenizar o gasto de energia e, assim, contribuir para uma maior satisfação por parte da população. Por conseguinte, com o uso sustentável da energia advinda das hidroelétricas, a nossa principal matriz energética poderá se tornar menos sobrecarregada.
Portanto, além de sintetizar os meios atuais e em desenvolvimento de produção de energia elétrica, os resultados obtidos contribuíram para traçar o perfil consumista energético atual da população das cidades de Arapiraca, Girau do Ponciano, Lagoa da Canoa e São Sebastião (localizadas no Agreste alagoano) podendo os dados obtidos nas mesmas ser também referência para outras cidades do estado de Alagoas ou mesmo do Brasil.


Abaixo segue o modelo do banner apresentado na II Feira de Ciência e Tecnologia - IFAL/PETROBRAS ocorrida no dia 11 de Novembro de 2015.



Conscientização Energética

Fonte: http://www.forumdaconstrucao.com.br/materias/imagens/01151_01.jpg

Há diversas formas de economizar energia. Uma delas é conferindo o gasto de cada um destes aparelhos antes de comprá-los. O site do Procel (Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica ), por exemplo, tem uma lista dos modelos e marcas que consomem menos energia. Estes produtos são classificados de acordo com o selo ENCE  (Etiqueta Nacional e Conservação de Energia), que possui escala de A (mais econômico) ao E (menos econômico).

Fonte http://blog.efacil.com.br/wp-content/uploads/2010/11/selo-procel.jpg








Bloco Energias do Futuro (parte 1)

O mundo já alcançou o marco assombroso de 7 bilhões de pessoas e, segundo estudos da Organização das Nações Unidas (ONU), a quantidade de habitantes do planeta promete se estabilizar nos 9 bilhões em 2050. Como consequência, esse aumento obriga e estimula a procura de meios para a obtenção de energia em abundância. Mas, diante do atual quadro de crise ambiental, uma condição básica se impõe: qualquer nova tecnologia deve partir do pressuposto de que é preciso evitar ao máximo mais agressões ao meio ambiente. Assim, o desafio atual é investir em tecnologias inovadoras e não poluidoras. Para tanto, muitos projetos que respeitam essa cláusula já estão em andamento. Dentre eles, aqui são expostos alguns.
Energia eólica sem turbinas 
Nas últimas décadas tem se tornado popular a utilização de turbinas eólicas para geração de eletricidade. Para produzir eletricidade o eixo da turbina deve ser conectado a um gerador elétrico. Como as velocidades de rotação da turbina são baixas, na maioria das aplicações é necessário utilizar um multiplicador de velocidades entre o eixo da turbina e o do gerador. Os geradores para essa aplicação devem ser pequenos e leves já que devem ser alojados no alto da torre que suporta o conjunto gerador. A energia gerada é transferida para o sistema elétrico ou para baterias, para ser armazenada ou utilizada¹. 
 Figura 1: Diagrama esquemático de um gerador eólico [4].
Contudo, engenheiros estão apostando em um novo tipo de produção de energia eólica, que não consiste na ideia de fazer uma turbina eletromagnética girar, mas sim na ideia da piezoeletricidade: efeito descoberto em 1880 pelos irmãos Pierre e Jacques Currie (físicos franceses) que consiste na propriedade que alguns materiais minerais – como cristais, cerâmicas nanométricas, entre outros – têm de gerar corrente elétrica quando deformados por uma pressão mecânica; desde então, essa descoberta originou várias aplicações comerciais, desde o luminoso da sola de tênis infantil até setores da medicina¹. Com isso, o uso baseado nessa técnica ganha corpo entre pesquisadores: o de produzir energia elétrica por meio de uma fonte inesgotável que não polui. Assim, é possível utilizar a força dos ventos para produzir eletricidade através dessa tecnologia, como também produzi-la sob o asfalto à medida que houver tráfego de carros ou de pessoas.
O projeto para a geração de energia através dos ventos pela piezoeletricidade procede da seguinte forma: hastes de fibra de carbono com aproximadamente 60 metros de altura são construídas em cima de bases de concreto de aproximadamente 20 metros de diâmetro, cada haste contém em sua base discos de cerâmica construídos com material piezoelétrico que irão gerar corrente à medida que o vento fizer as hastes oscilarem, causando uma variação de pressão (compressão) nas cerâmicas e, assim, gerando corrente elétrica. À medida que as hastes oscilam a cerâmica na base feita com material piezoelétrico é pressionada gerando corrente elétrica³.
O primeiro parque para a produção desse tipo de energia foi construído na cidade planejada de Masdar, próximo a Abu Dhabi e o parque possui 1203 hastes para a geração desse tipo de energia. 

Figura 2: Partículas de 
cerâmica nanométrica 
que compõem o material
 piezoelétrico².

Figura 3: Parque piezoeólico na 
cidade planejada de Masdar, 
próximo a Abu Dhabi³.



  • Aerogerador Vortex Bladeless
Vortex Bladeless é uma turbina eólica que não possui hélices. O modelo, criado pela empresa espanhola de mesmo nome, promete ser mais eficiente e ambientalmente correta do que os tradicionais, que possuem forma semelhante a um cata-vento. De acordo com a fabricante, o aerogerador baseia-se num fenômeno aerodinâmico denominado de “vorticidade”, no qual o vento que flui ao redor de uma estrutura cria um padrão de pequenos vórtices. Essas aerodinâmicas são suficientes para fazer uma estrutura fixa oscilar e entrar em ressonância com as forças laterais do vento [7,8].
As oscilações provocadas na estrutura em formato de torre – composto por um mastro fixo, um gerador de energia e um cilindro oco de fibra de vidro – são tecnologicamente maximizadas e aproveitadas pelo aerogerador Vortex Bladeless, que converte a energia mecânica desse movimento em energia elétrica. Segundo a empresa, o Vortex coleta 30% menos energia na mesma área que as usinas tradicionais, mas a estrutura é tão mais barata que os custos para a mesma produção seria 40% menor. Além disso, as despesas operacionais do sistema também são 50% mais baratas [8].
O efeito da vorticidade pode ser incrivelmente poderoso, um exemplo do poder da vorticidade foi verificado no famoso acontecimento na ponte Tacoma Narrows, que ao ser atingida por fortes ventos começou a contorcer-se como se fosse flexível acabando por cair sobre o rio Tacoma apenas alguns meses após a sua abertura em 1940 [7].
Até o momento o protótipo foi testado e aprovado apenas em experiências realizadas em túneis de vento. No entanto, a empresa já prepara testes ao ar livre, para garantir a eficiência esperada para o projeto. O primeiro modelo que será apresentado é a Vortex Mini com potência de 4 KW com uma torre de 12.5 metros, modelo que será apresentado para o mercado residencial e outras aplicações eólicas de pequena escala. Em desenvolvimento encontra-se outra versão, a Vortex Gran para aplicações eólicas de grande escala com uma potência superior a 1 MW [7, 8].
Além dos benefícios em termos financeiros, o modelo não oferece riscos às aves, nem provoca ruídos, como ocorre com as turbinas eólicas tradicionais equipadas com pás. Por isso, os ambientalistas vêm aprovando esse novo método de produção de energia através dos ventos.
Figura 4: Aerogerador sem hélices pode revolucionar energia eólica [7].
  • Geradores de Eletricidade Voadores (FEGs) e planadores do WPI
Outra pesquisa inovadora referente à energia eólica (com turbina, mas diferente das atuais) está sendo desenvolvido pelo australiano Bryan Roberts, professor de engenharia da Universidade de Tecnologia, em Sydney (Austrália), e membro da Sky Wind Power, companhia com sede em San Diego (EUA). O objetivo é construir planadores com rotores, chamados de "Geradores de Eletricidade Voadores" (FEG, na sigla em inglês), para que se possa alcançar uma altitude de pelo menos um quilômetro, região onde os ventos são ainda mais fortes. Antes de aterrissarem, os rotores enviam a energia gerada para baixo por meio de um fio condutor com quilômetros de extensão. Uma das vantagens desses planadores é o de poder acompanhar o sentido dos ventos. Essa concepção alternativa, no entanto, ainda tem de ser aprimorada. A falta de investimento é um dos fatores responsáveis pelas deficiências [5].
Figura 5: Concepção artística das FEGs, planadores que transformam energia eólica em elétrica [5].
 Trabalho semelhante é desenvolvido nos EUA pelo Instituto Politécnico de Worcester (WPI, em inglês). Diferentemente dos FEGs, os planadores do WPI flutuam e, quando os ventos os atingem, produzem solavancos e pulsos nos fios, que carregam de energia um gerador no solo. Os primeiros modelos parecem máquinas do século 19, mas funcionam bem [5]. 
A energia Solar no espaço 
O Sol é a maior fonte de energia que abastece a Terra, responsável pela origem de quase todas as outras formas de energia. A energia proveniente do Sol aquece a atmosfera de forma desigual, gerando a circulação atmosférica e o ciclo das águas, de modo que os ventos são aproveitados nos parques eólicos e o represamento possibilita a geração hidrelétrica. Os combustíveis fósseis (como o petróleo, o carvão e o gás natural), que vêm da deterioração de matéria orgânica, e renováveis (como a biomassa), receberam a energia para o seu desenvolvimento da radiação solar [6]. 
Figura 6: Aspecto de um módulo 
fotovoltaico [4]
Sendo uma fonte renovável e limpa, a energia solar é uma das fontes promissoras para o futuro e uma das que apresentam maior crescimento a nível mundial. Diretamente, ela pode ser aproveitada através das tecnologias como de placas fotovoltaicas ou através de equipamentos térmicos solares para a produção de energia. A energia solar fotovoltaica é a tecnologia que gera energia elétrica em corrente contínua a partir de semicondutores quando estes são iluminados por fótons presentes na radiação solar – enquanto a luz incide na célula solar (a unidade básica de um sistema fotovoltaico), há conversão de energia. Já na geração solar termoelétrica são utilizados espelhos ou lentes que concentram a energia dos raios solares para aquecer um receptor a altas temperaturas, tipicamente entre 400 e 1000 ºC, sendo esse calor transformado primeiramente em energia mecânica e em seguida em eletricidade [1, 6]. 
Figura 7: Torre sola [6]
 No entanto, uma empresa em ascensão com o nome Solaren Corp., afirma ter destravado o potencial energético solar do espaço. O projeto consiste em por painéis na órbita terrestre para captar os raios solares no espaço, onde são mais fortes. A ausência dos filtros atmosféricos da Terra, das nuvens e dos ciclos de dia e noite torna as bases espaciais uma fonte estável de energia. Além disso, a luz do sol que atinge os painéis pode ser dez vezes mais poderosa do que a que chega à superfície terrestre [5]. 
Mas como enviar a energia captada a Terra? Segundo Gary Spirnak, chefe executivo da Solaren, a tecnologia de transmissão está baseada no que é usado hoje pelos satélites de comunicação. Os painéis captariam energia solar, que seria convertida em eletricidade pelos satélites; estes, por sua vez, mandariam a energia às nossas redes de eletricidade por meio de ondas de rádio. No momento, para o pessoal da Solaren o maior desafio dos engenheiros é a verba. Enquanto o investimento para tecnologias de energia renovável costuma ficar entre R$ 210 milhões e R$ 420 milhões, o projeto das fazendas espaciais de energia solar exigiria entrar na casa dos bilhões [5]. 

Aguardem mais postagens do Bloco Energias do Futuro!


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] STANO JÚNIOR, Ângelo & TIAGO FILHO, Geraldo Lúcio. Energias renováveis. Revisão Ângelo Stano Júnior e Adriana Barbosa; colaboração Camila Rocha Galhardo; editoração e arte- final Adriano Silva Bastos. Itajubá, MG: FAPEPE, 2007, p.23. 
[2]  SILVEIRA, Evavildo. Eletricidade do aperto: Pesquisadores desenvolve material que gera energia elétrica quando pressionado. Disponível em: < http://revistapesquisa.fapesp.br/wp-content/uploads/2012/07/072-075-171.pdf?be076b>. Acesso em: 20/02/1015.
[3] Papo Nerd. Possíveis fontes de energia do futuro. Disponível em: <http://papo-nerd.blogspot.com.br/2010/12/possiveis-fontes-de-energia-do-futuro.html>. Acesso em: 22/02/2015.
[4] STANO JÚNIOR, Ângelo & TIAGO FILHO, Geraldo Lúcio. Energias renováveis. Revisão Ângelo Stano Júnior e Adriana Barbosa; colaboração Camila Rocha Galhardo; editoração e arte- final Adriano Silva Bastos. Itajubá, MG: FAPEPE, 2007, p. 09, 12, 43.
[5] Energias do futuro. Revista Planeta Terra. Edição 441-Julho/2009. Disponível em: < http://revistaplaneta.terra.com.br/secao/ciencia/energias-dofuturo>. Acesso em: 06/07/2014 às 13:32.
[6] Companhia Energética de Minas Gerais. Alternativas Energéticas: uma visão Cemig. Belo Horizonte: Cemig, 2012. Disponível também em: http://www.cemig.com.br/Inovacao/AlternativasEnergeticas, < http://cemig20/Inovacao/AlternativasEnergeticas>.
[7] Portal energia. Aero gerador sem hélices pode revolucionar energia eólica. Disponível em: <http://www.portal-energia.com/aerogerador-sem-helices-pode-revolucionar-energia-eolica/>.
[8] Ciclo vivo. Turbina eólica sem hélices promete ser mais eficiente, barata e segura. Disponível em: <http://ciclovivo.com.br/noticia/turbina-eolica-sem-helices-promete-ser-mais-eficiente-barata-e-segura>

Bloco Energias do Futuro (parte 2)

Energia Nuclear por fusão (ou energia das estrelas) 
Quando se fala em energia nuclear (que é uma fonte não renovável) é importante entender que existem dois tipos: a primeira e mais conhecida é a energia por fissão, que consiste em pegar um átomo de massa molecular alta (normalmente o Urânio) e quebrá-lo em átomos menores, liberando energia e gerando resíduos radioativos; contudo, existe outra maneira de energia nuclear, que utiliza o processo inverso da fissão, ou seja, a fusão, donde esta consiste em fundir átomos menores obtendo assim um átomo maior liberando uma grande quantidade de energia bastante superior a da fissão. Entretanto, a fusão é um processo bem mais complicado de se conseguir devido à força de repulsão dos átomos e a temperatura no decorrer da transformação¹. 
A aventura de produzir energia por meio da fusão nuclear, como as estrelas fazem, deu um salto com o início da construção do reator ITER (Reator Experimental Termonuclear Internacional, na sigla em inglês), em Cadarache no sul da França. As principais potências do planeta (Europa, países como Japão, China, Índia, Coreia do Sul e Rússia) já investiram US$ 32 bilhões na operação, bem mais que o Grande Colisor de Hádrons (LHC, sigla em inglês) do Centro Europeu de Pesquisas Nucleares, em Genebra, que permitiu a detecção do bóson de Higgs, que custou US$ 6 bilhões. O Iter é a principal aposta da humanidade para viabilizar a produção comercial de energia por meio da fusão nuclear [2]. 
A construção teve início em 2010, mas problemas técnicos, financeiros e contratuais adiaram as obras até dezembro de 2013. Com o recomeço, os diretores do projeto esperam iniciar as experiências no complexo em 2020. O combustível para a fusão, porém, só deverá ser introduzido no reator em 2027. 
A energia por fusão é feita através da união de dois isótopos do Hidrogênio, o Deutério e o Trítio, que são hidrogênios com um maior peso molecular devido aos nêutrons extras que os formam. A fusão desses dois isótopos gera Hélio (segundo elemento da tabela periódica) e libera uma grande quantidade de energia. Mas, para se obter as condições ideais para a fusão o material deve estar a altíssimas temperaturas (por volta de 150 milhões de graus Celsius) e não se conhece material que resista ao contato com essa temperatura. A única maneira encontrada foi trabalhar com o plasma (4º estado da matéria) confinado em enormes campos magnéticos. O material praticamente fica flutuando no centro do campo magnético sem entrar em contato com as paredes do equipamento que o confina, lá o campo magnético é tão forte que supera a força de repulsão existente nos isótopos de hidrogênio, conseguindo assim aproximá-los a ponto de conseguir a fusão. Por isso, governos do mundo inteiro estão projetando equipamentos que gerem campos magnéticos suficientemente fortes para trabalhar na produção desse tipo de energia, que é abundante, limpa e considerada inesgotável [1]. 

 Figura 8: Projeto de um Tokamak¹
      O Iter será o primeiro reator do gênero a produzir mais energia do que precisa para atingir as altíssimas temperaturas necessárias ao processo de fusão nuclear. Para cada 50 MW de eletricidade consumidos, ele deverá gerar até 500 MW de energia na forma de calor [2]. 
Figura 9: Construção de um Tokamak¹
         Em vermelho (figura 8) é destacado o plasma (deutério e trítio) “levitando” confinado no campo magnético produzido pelo equipamento. Esse campo tem duas funções: em primeiro lugar, aquecer a nuvem de hidrogênio até a temperatura para a fusão; em segundo, forçar o plasma a assentar em uma nuvem na forma do anel, longe das paredes do Tokamak – nome dado à máquina do Iter, que contém um milhão de partes, 30 metros de altura e consiste de 18 bobinas magnéticas toroidais (paralelas à câmara de vácuo) e 06 bobinas poloidais (verticais à câmara), que pesam centenas de toneladas [1][5].  
Hidrato de metano (ou “gelo de fogo”)
O mundo é viciado em combustíveis fósseis (petróleo, carvão e gás natural) e é fácil entender por que: são baratos, abundantes e fáceis de extrair, além disso, alimentam o desenvolvimento da indústria mundial. Porém, são altamente poluentes devido suas grandes emissões anuais de gases de efeito estufa (GEE) na atmosfera, além do mais sua extração tem se tornado mais difícil, à medida que algumas reservas vão se esgotando. Por isso, vários governos do mundo têm buscado por novas alternativas, de preferência que não causem sérios danos ao meio ambiente. 
Um substituto potencial, apesar de ser uma fonte fóssil e não renovável, foi encontrado e repousa profundamente sob permafrost (solo gelado do Ártico) ou nos leitos dos oceanos: o hidrato de metano. Apesar de potencialmente menos poluente que o petróleo e o carvão, porém, sua extração apresenta enormes riscos ambientais [7]. 
O metano (CH4) é um gás produzido por meio da decomposição de matéria orgânica, como plantas e animais mortos. No fundo dos oceanos, onde a pressão é muito mais elevada e a temperatura é baixa, há o ambiente propício para os micro-organismos sintetizarem a matéria orgânica e produzirem metano. Esse gás é então encapsulado por cristais de gelo [8].
Figura 10: O metano hidratado fica abaixo de muitas camadas de gelo ou no fundo do mar [7].
    
Conhecido como "gelo que arde", os hidratos de metano são substâncias sólidas, semelhantes ao gelo, compostas por água e gás natural (metano), que costumam ocorrer naturalmente em áreas onde o metano e a água podem combinar-se em condições apropriadas de temperatura e pressão (CRUICKSHANK & MASUTANI, 1999). Essas condições podem ocorrer em “permafrost” de regiões árticas e em bacias de águas profundas, adjacentes às plataformas continentais e às bacias de oceano profundo, onde a espessura sedimentar é de, pelo menos, 1.000 metros [3].
Ao reduzir a pressão ou elevar a temperatura, a substância simplesmente se quebra em água e metano. Um metro cúbico do composto libera cerca de 160 metros cúbicos de gás, o que o torna uma fonte de energia altamente intensiva. Por causa de sua abundância e da relativa facilidade para liberar o metano, um número grande de governos está cada vez mais animado com essa nova fonte de energia [7].
Estudos recentes realizados pelo United States Geological Survey – USGB – efetuaram uma estimativa desses depósitos em nível mundial, indicando ser o dobro da energia de hidrocarbonetos fósseis do globo terrestre. Dados publicados em 1998 indicam reservas apreciáveis, mostrando que, nos Estados Unidos, elas podem suprir as necessidades, no atual nível de consumo, por cerca e 64.000 anos [3].
O problema, porém, é extrair o hidrato de metano. Além do desafio de alcançá-lo no fundo do mar, operando sob altíssima pressão e baixa temperatura, há o risco grave de desestabilizar o leito marinho, provocando deslizamentos. Outra ameaça ainda mais grave é o potencial escape de metano. Extrair o gás de uma área localizada não é tão complicado, mas prevenir que o hidratado se quebre e libere o metano no entorno é mais difícil. E isso tem consequências sérias para o aquecimento global - estudos recentes sugerem que o metano é 30 vezes mais danoso que o CO2 [7]. 
Por causa desses desafios técnicos, ainda não há escala comercial de produção de hidrato de metano em qualquer lugar do mundo. Mas alguns países estão chegando perto. Os Estados Unidos, o Canadá e o Japão já investiram milhões de dólares em pesquisa e já realizam alguns testes, desde 1998. Os mais bem sucedidos ocorreram no Alasca em 2012 e na costa central do Japão em 2013, quando, pela primeira vez, houve uma exitosa extração de gás natural a partir de hidrato de metano no mar [7]. 
Figura 11: Produção comercial do gás metano ainda deve demorar [7].
 Em outros países, porém, os incentivos para explorar o gás comercialmente são menores por enquanto. Os Estados Unidos estão priorizando suas reservas de gás de xisto, recurso que também é abundante no Canadá. Já a Rússia ainda tem enormes reservas de gás natural. A China e a Índia, com suas ferozes demandas por energia, são uma história diferente. No entanto, eles estão muito atrás em seus esforços para explorar o recurso [7]. 
Segundo Stephen O'Rourke, da empresa de consultoria energética Wood Mackenzie, não é previsto a produção comercial antes de 2030. De fato, a IEA (International Energy Agency  Agência Internacional de Energia) ainda não incluiu gás hidratado nas suas projeções globais de energia para os próximos 20 anos [7]. 
Mas se essa fonte for explorada, o que parece provável no futuro, as implicações ambientais podem ser extensas. Apesar de ser menos poluente que o carvão ou o petróleo, continua sendo um hidrocarboneto e, portanto, emite CO2. E há ainda o risco mais sério da liberação direta de metano na atmosfera. Alguns argumentam, porém, que pode não haver alternativa, na medida em que o aumento da temperatura global pode provocar a liberação do gás "naturalmente", devido ao aquecimento dos oceanos e ao derretimento das calotas polares [7]. 
Figura 12: Distribuição global de reservas de hidrato de metano [4].


Referências Bibliográficas
[1] Papo Nerd. Possíveis fontes de energia do futuro. Disponível em: <http://papo-nerd.blogspot.com.br/2010/12/possiveis-fontes-de-energia-do-futuro.html>. Acesso em: 22/02/2015.
[2] ARAIA, Eduardo. Revista Planeta Terra. A máquina do sol. Disponível em: <http://revistaplaneta.terra.com.br/secao/ciencia/maquina-do-sol>. Acesso em: 20/12/2014.
[3]  MARTINS, L. R. Hidrato de Metano: um interesse Crescente. Porto Alegre, Janeiro – 2003.
[4] Mundo Educação. O gelo que pega fogo. Disponível em: http://www.mundoeducacao.com/quimica/o-gelo-que-pega-fogo.htm.
[5] Energias do futuro. Revista Planeta Terra. Edição 441-Julho/2009. Disponível em: < http://revistaplaneta.terra.com.br/secao/ciencia/energias-dofuturo>. Acesso em: 06/07/2014 às 13:32.
[6] CRUISKSHANK, M. J. & MASUTANI, S. M. Methane Hydrate Research and Development. Sea Technology: 69-74. Arlington, USA. 1999.
[7] BBC. Novas fontes de energia para o futuro. Atualizado em  21 de abril, 2014 - 11:24 (Brasília) 14:24 GMT. Adaptado, disponível em: <http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/04/140421_energia_metano_ms.shtml>. Acesso em: 06/07/2014 às 11:45. 
[8] FOGAÇA, Jennifer. Brasil Escola. O gelo que pega fogo. Disponíveu em: <http://www.brasilescola.com/quimica/o-gelo-que-pega-fogo.htm>.  Acesso em: 10 de Mar. De 2015.